quarta-feira, 11 de maio de 2011

Novo x Antigo

Misturar peças de diferentes épocas e estéticas em um mesmo ambiente é permitido, desde que elas dialoguem entre si. É importante obter uma harmonia e procurar fugir do pastiche. Deve-se optar por uma estética predominante e inserir objetos selecionados de outras épocas. Por exemplo, um lustres de cristal antigo em um ambiente onde predomine a estética contemporânea; ou mesmo cadeiras Luis XV em mesas de jantar onde as demais cadeiras possuem traços simples.

Foto de Debi Treloar 

É importante saber diferenciar o que é antigo, ou simplesmente velho, do que é clássico. Peças clássicas nunca saem de moda, pois possuem uma ordem estética que mesmo distante no tempo, ainda tem significado na cultura atual. Peças antigas não possuem valor estético no presente.

Uma outra maneira de resgatar móveis antigos, transformando-os em modernas peças de design, é dando a eles novas cores. Neste apartamento, a cômoda foi pintada de turquesa e a cadeira, de rosa.
Designer de interiores: Neza Cesar

Muito se fala do vintage. Na tradução literal, essa palavra de origem inglesa quer dizer "safra de vinho" (vint é relativo à safra de uva e age significa "idade"). O termo, entretanto, foi adotado pelo mundo da moda e da decoração para designar as peças que viraram referências de uma época. 

Os pés palitos, como os deste aparador, são ícones de uma época.
Site: http://nax-arquitetura.blogspot.com 

Se a palavra antiguidade nos remete ao século XIX e aos anteriores, a vintage se aplica para a produção do século XX, dos anos 20 até a década de 80, de importância ou qualidade reconhecida. 

Este exemplo é o oposto do que parece: a moderna cadeira Tulipa do Saarinen é que é a reedição vintage (1957). A sala foi decorada propositalmente clássica com sancas para contrastar, porém a escolha do verde pistache subverte o conjunto para um visual bem contemporâneo.

Não confundir vintage com retrô, que é um design que se inspira no passado. 
Frigobar retrô da BRASTEMP.

Peças vintage custam mais caro que as atuais porque são originais e escassas. Porém, seu redesign ou releitura, por ser fabricado em série, torna-se mais acessível.




Com a poltrona Louis Ghost (2002) Philippe Starck deu novo impulso às possibilidades do uso do plástico para móveis inspirados em vintages, como esta “Fauteuil en cabriolet” Louis XVI de 1780. 


Os móveis antigos costumam ser resistentes, porém ocupam mais espaço que os atuais. Dadas as reduzidas dimensões dos ambientes das construções modernas podem ser um entrave às soluções arquitetônicas. Para se ter um bom resultado é importante levar em conta as dimensões do cômodo onde será inserido, caso contrário corre-se o risco da peça ficar desproporcional.

Esta casa londrina, ampla e arejada, mistura a arquitetura tradicional com decoração moderna, cheia de cores, fazendo contraste com as paredes brancas!

Há móveis mais recentes (anos 1960 e 1970) cujo destaque é a forma, o colorido e a identificação com uma época.



Móveis vintage marcam presença neste apartamento em referência ao período da edificação.
Arquitetos: Antonio Ferreira Jr. e Mario Celso Bernardes

Baús, cômodas e cristaleiras são peças valorizadas, pois não possuem similares na produção atual. 

Tapete Bukhara e coleção de pequenos vasos Schneider; ao fundo, cômoda “herança de família” sob arandelas de vidro Lalique incrustadas no espelho de linhas simples e modernas como o restante do ambiente.
 
Uma opção interessante é dar ares novos a móveis antigos. Por exemplo, os armários da vovó cheios de entalhes ficam ótimos laqueados de cores fortes.


Outra boa mistura pode ocorrer entre edificações antigas e mobiliários contemporâneos, quebrando o clima pesado que caracterizam muitas destas edificações. 

Este palácio do séc. XVIII em Paris foi decorado pela designer francesa Andrée Putman para o Ministério da Cultura. A tonalidade marfim das paredes serviu como base fosca e neutra para todo o ambiente. A pureza de linhas do mobiliário, tapete e cortina equilibram o lustre e ornamentos rococós. 

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